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magtoo

segunda-feira, 27 de outubro de 2008

o moço e o velho

1991_19_48 

 

dialogo

O mancebo perfeito e o velho humilde e rude
Viram-se. E disse ao velho o mancebo perfeito:
"Glória a mim! sorvo o céu num hausto do meu peito!"
E o velho: "Engana o céu... Tudo na terra ilude..."

"Rebentam roseirais do chão em que me deito!"
"A alma da noite embala a minha senectude..."
"Quando acordo, há um clarão de graça e de saúde!"
"Pudesse ser perpétua a calma do meu leito!"

"Quero vibrar, agir, vencer a Natureza,
Viver a Vida!" "A Vida é um capricho do vento..."
"Vivo, e posso!" "O poder é uma ilusão da sorte..."

"Herói e deus, serei a beleza!" "A beleza
É a paz!" "Serei a força!" "A força é o esquecimento..."
"Serei a perfeição!" "A perfeição é a morte!"

domingo, 26 de outubro de 2008

Morte de Moema

Santa Rita Durão

 assessoriaaoprofessor-ago06
Corre a ver o espetáculo, assombrada:

E ignorando a ocasião da estranha empresa,

Pasma da turba feminil, que nada.

Uma que às mais precede em gentileza,

Não vinha menos bela, do que irada;

Era Moema, que de inveja geme,

E já vizinha à nau se apega ao leme...

Bárbaro (a bela diz:) tigre e não homem...

Porém o tigre, por cruel que brame,

Acha forças no amor, que enfim o domem;

Só a ti não domou, por mais que eu te ame.

Fúrias, raios, coriscos, que o ar consomem,

Como não consumis aquele infame?

Mas pagar tanto amor com tédio e asco...

Ah! que corisco és tu... raio... penhasco!

Perde o lume dos olhos, pasma e treme,

Pálida a cor, o aspecto moribundo;

Com mão já sem vigor, soltando o leme,

Entre as salsas escumas desce ao fundo.

Mas na onda do mar, que, irado, freme,

Tornando a aparecer desde o profundo,

Ah! Diogo cruel! - disse como mágoa, -

E sem mais vista ser, sorveu-se na água

sexta-feira, 24 de outubro de 2008

o califa

banos-arabes


O Califa


No outro tempo em Bagdá Almansor, o Califa,
Um palácio construiu todo de ouro: a alcatifa
De jaspe, a colunata em pórfiro e o frontal
De toda a pedraria asiática, oriental;
Em frente desse asilo em piscinas de luxo
Chovia áurea poeira as fontes em repuxo

 

Ora, ali perto havia em frente ao monumento
Uma choça mesquinha, esfarrapada ao vento,
Quasi a cair, humilde e tristonha mansão
De um velho pobre, velho e simples tecelão.
Essa mísera casa, ao certo transtornava
A suntuosa impressão do Palácio. Causava
Não sei que dor, talvez asco. Desagradável,
Tanta riqueza ao pé de choça miserável!
Convinha, pois destruí-la. E ao velho tecelão
Oferecem dinheiro, e o velho disse: "—
Não
Guardai vosso ouro todo; esta casa que habito
Nunca será vendida, antes seja eu maldito,
Arrasai-a, porquanto é-rvos fácil poder.
Nela morreu meu pai e nela hei de eu morrer".
E à resposta do velho o califa Almansor
Esteve a meditar. Um dos servos: — "Senhor!
Sois poderoso e rei, vós podeis sem vexame
Essa casa arrasar, já e já, sem exame,
Pois vós! retroceder diante de um tecelão!"
Almansor, o Califa ergueu-se e disse: "
__ Não!
Eu não quero destruir a mesquinha choupana,
Quero-a de pé, bem junto a mim, essa cabana,
Porquanto a geração dos meus filhos se expande,
E quero que cada um a refletir, sem custo,
Vendo o palácio diga: — "Ave! Almansor foi grande!'
E vendo a pobre choça: — "Ele foi mais: — foi justo!"
Poesias.

julio ribeiro

cimitarra

quinta-feira, 23 de outubro de 2008

o juramento do arabe

Arabs on Horses 2 


O Juramento do Árabe

Baçus, mulher de Ali, pastora de camelas,
Viu de noite, ao fulgor das rútilas estrelas,
Vail, chefe minaz de bárbara pujança,
Matar-lhe um animal. Baçus jurou vingança,
Corre, célere voa, entra na tenda e conta
A um hóspede de Ali a grave e inulta afronta,
"Baçus, disse tranquilo o hóspede gentil,
Vingar-te-ei com meu braço, eu matarei Vail."
Disse e cumpriu.
Foi esta a causa verdadeira
Da guerra pertinaz, horrível, carniceira
Que as tribos dividiu. Na Luta fratricida,
Omar, filho de Anru, perdera o alento e a vida.
Anru, que lanças mil aos rudes prélios leva,
E que, em sangue inimigo, irado, os ódios ceva,
Incansável procura, e é sempre em balde, o vil
Matador de seu filho, o traidor Mualhil.
Uma noite, na tenda, a um moço prisioneiro,
Recém-colhido em campo, o indómito guerreiro
Falou, severo, assim:
" Escravo, atende e escuta:
Aponta-me a região, o monte, o plaino, a gruta,
Em que vive o tridor Mualhil, diz a verdade;
Dá-me que o alcance vivoi, e é tua a liberdade!"
E o moço perguntou:
"É por Alá que o juras?"
"Juro" - o chefe tornou -
"Sou o homem que procuras!
Mualhil é o meu nome, eu fui que espedacei
a lança de teu filho, e aos pés o subjuguei!"
E intrépido, fitava o atónito inimigo.
Anru volveu: "És livre, Alá seja contigo!"
Gonçalves Crespo, de "Nocturnos"

0 estudante alsaciano

-patriote

 

 

O estudante alsaciano

Antigamente, a escola era risonha e franca,
Do velho Professor as cãs, a barba branca,
Infundiam respeito, impunham simpatia,
Modelando as feições do velho, que sorria
E era como criança em meio das crianças.
Como ao pombal correndo em bando as pombas mansas,
Corriam para a escola; e nem sequer assomo
De aversão ou desgosto, ao ir para ali como
Quem vai para uma festa. Ao começar o estudo,
Eles, sem um pesar, abandonavam tudo,
E submissos, joviais, nos bancos em fileiras,
Iam todos sentar-se em frente das carteiras,
Atentos, gravemente, uns pequeninos sábios.
E o velho professor, tendo sempre nos lábios
Uma frase a animar aquele bando imbele,
Ia ensinando a este, ia emendando áquele,
De manso, com carinho e paternal amor.
Por fim, tudo mudou. Agora o professor,
Um grave pedagogo, é austero e conciso;
Nunca os lábios lhe abriu a sombra de um sorriso.
E aos pequenos mudou em calabouço a escola!
Pobres aves, sem dó, metidas na gaiola!
Lá dentro, hoje, o francês é lí ngua morta e muda:
Unicamente o alemão ali se fala e estuda,
São alemães o mestre, os livros e a lição;
A Alsácia é alemã; o povo é alemão,
Como na própria pátria é triste ser proscrito!
Ferquentava também a escola um rapazito
De severo perfil, enérgico, expressivo,
Pálido, magro, o olhar inteligente e vivo
Mas de í ntima tristeza aquele olhar velado
Modesto no trajar, de luto carregado...
-Pela Pátria, talvez! - Doze anos só teria.
O mestre, de uma vez, chamou-o a geografia:
-"Diz-me cá, rapaz... Que é isso? estás de luto?
Quem te morreu?"
-"Meu pai, no último reduto,
Em defesa da Pátria!"
-"Ah! sim, bem sei, adiante...
Tu tens assim um ar de ser bom estudante,
Quais são as principais nações da Europa? Vá!"
-"As principais nações são... a França..."
-"Hein? que é lá?...
Com que então, a primeira a França!Bom começo!
De todas as nações, pateta, que eu conheço,
Aquela que mais vale, a que domina o mundo,
Nas grandes concepções e no saber profundo,
Em riqueza e esplendor, nas letras e nas artes,
Que leva o seu domínio ás mais remotas partes,
A mais nobre na paz, a mais forte na guerra,
De onde irradia a ciencia a iluminar a terra,
A maior, a mais bela, a que das mais desdenha,
Fica-o sabendo tu, rapaz, é a Alemanha!"
Ele sorriu com ar desprezador e altivo,
E a cabeça agitou num gesto negativo.
E tornou com voz firme:
-"A França é a primeira!"
O mestre furioso, ergue-se da cadeira,
Bate o pé e uma praga enérgica se lhe escapa.
-"Sabes onde está a França? Aponta-ma no mapa!"
O aluno ergue-se então, os olhos fulgurantes,
O rosto afogueado; e enquanto os estudantes
Olham cheios de assombro aquele destemido,
Ante o mestre, nervoso, audaz e comovido,
Tí mido feito herói, pigmeu tornado atleta,
Desaperta febril, a sua blusa preta,
E batendo no peito, impávida, a criança

Exclama:
-"É aqui dentro! aqui é que está a França!"

Acácio Antunes

quarta-feira, 8 de outubro de 2008

destaques culturais brasileiros

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Machado de Assis: obra completa

Plano de Desenvolvimento da Educação

Música Erudita Brasileira

Obras Machado de Assis

Shakespeare em português

Vídeo Paulo Freire Contemporâneo

Poesia de Fernando Pessoa

Literatura Infantil em português

A Divina Comédia em português

Publicações sobre educação

Obras de Joaquim Nabuco

Hinos brasileiros (coral e instrumental)